Poemas anti-salazaristas de Fernando Pessoa

António de Oliveira Salazar, Portugal

António de Oliveira Salazar, Portugal (Photo credit: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian)

Pessoa escreveu diversos poemas e textos anti-Salazar. Conheçam alguns abaixo:

COITADINHO DO TIRANINHO
Coitadinho
Do tiraninho!
Não bebe vinho,
Nem sequer sozinho…
Bebe a verdade
E a liberdade,
E com tal agrado
Que já começam
A escassear no mercado.
Coitadinho
Do tiraninho!
O meu vizinho
Está na Guiné,
E o meu padrinho
No Limoeiro
Aqui ao pé,
E ninguém sabe porquê.
( poema de Fernando Pessoa)

Mata os piolhos maiores (Pessoa)

Mata os piolhos maiores
Essa droga que tu dizes.
Mas inda há bichos piores.
Vê lá se arranjas veneno
(Ou grande, ou médio e pequeno)
Para matar directrizes.

O rei reside em segredo

O rei reside em segredo
No governar da Nação,
Que é um realismo com medo
Chama-se nação ao Rei
E tudo isto é Rei-Nação.

A República pragmática
Que hoje temos já não é
A meretriz democrática.
Como deixou de ser pública
Agora é somente Ré.

Fernando Pessoa, 1935
E o Salazar, artefacto

E o Salazar, artefacto
De um deus de régua e caneta,
Um materialão abstracto
Que crê que a ordem é alma
E que uma estrada a completa.

Não há poesia nele

Ai, nosso Sidónio Pais,
Tu é que eras português!

Um materialão abstracto,

Vive na orgia do exacto

Manda o país penhorado
Por uma estrada melhor.

Dizem que o Jardim Zoológico

Dizem que o Jardim Zoológico
Tem sido mais concorrido
Por prolongada assistência
Atenta a cada animal.
Mas isso que é senão lógico
Se acabou
A concorrência
Porque fechou
A Assembleia Nacional?

Se você é anti-salazarista como nós e como Fernando Pessoa, clique aqui e participe do projeto Morte Súbita!

Vejam também:

– A poesia do Marinheiro

– Ainda existem pessoas que defendem Salazar

Etiquetado , , , , , , , , ,

3 pensamentos sobre “Poemas anti-salazaristas de Fernando Pessoa

  1. […] Vejam também: Poemas anti-salazaristas de Fernando Pessoa […]

  2. […] – Poesias contra o fascismo. […]

Deixe um comentário